Crônicas Sobre a Conjuntura Mundial

Chegamos a Cuba empolgados com a ideia de que, finalmente, iríamos conhecer a pátria de Fidel e sua revolução. Logo de cara, já sentimos os efeitos da temperatura muito quente, embora fosse dezembro, quando é inverno no hemisfério norte, e que teríamos de suportar durante a maior parte do ano, mesmo nos invernos, ao longo dos quase sete anos em que permanecemos na ilha. Fomos levados para um motel nos arredores de Havana e ficamos lá durante cinco ou seis dias. Quem apareceu foi Rafael, meu suposto xará (devia ser um nome de guerra), membro do Departamento de América do Partido. Depois de uma breve conversa política conosco, fomos levados para a casa de Fontanar, destinada exclusivamente aos membros da ALN. Nela encontramos três companheiros: Cláudia, nome de guerra de Clara Charf, companheira de Marighela; Lídia Guerlanda, aluna de medicina da USP que havia perdido parte de um braço por conta de uma bomba detonada acidentalmente; e Yutuka Nishikawa, militante da ALN que fora atingido por um tiro, também disparado por acidente. Era muito duro fazer guerra com soldados inexperientes. Nessa casa cubana passamos cinco anos de nossas vidas. Era uma casa muito boa, com vizinhos admiradores da revolução cubana e, além disso, com um pé de toronja no quintal. Mas também